sexta-feira, 28 de maio de 2010

Numa de janelas


A vida fecha uma porta, ou melhor, um daqueles portões que nós idealizamos que nunca se chegariam a encerrar e é ver as pessoas que gostam de nós a dizer que depois da porta fechada, logo se abrem várias janelas. Quando na realidade tudo o que nós queremos é não ouvir falar de janelas, nem de portas, nem de qualquer outra parcela da casa.
Queremos silêncio, paz e nada de confusão. Queremos agarrar nos pedaços que ficaram, reconstruir e renascer, mas à nossa velocidade e consoante o nosso sistema imunitário nos permita.
E só depois de renascidos é que as janelas voltam a ter algum brilho e só então, eventualmente, lhe encontremos algum ponto de interesse.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Os aniversários

Enquanto miúda via o meu dia de anos com um sorriso especial e de forma mais ou menos consequente tinha a preocupação, não forçada, de saber as datas de aniversário de todos os que me eram próximos.

Não levei muito tempo a perceber que nestas coisas, como em tantas outras (até mais importantes), não há qualquer tipo de relação entre o que se dá e o que se recebe.

E assim... de ano para ano, deixou simplesmente de ser importante. Se o telefone toca, óptimo, se não tocar, não tocou.

Agora engraçado, engraçado, é ver uma pessoa toda ofendida e cheia de tristezas profundas porque nos esquecemos do seu aniversário, quando ela foi a primeira a esquecer-se do nosso. Vá-se lá entender!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

As criticas

Ainda não há muitos dias, numa conversa no meio de muitas outras, diziam-me que só se deve criticar alguém quando se está disposto a substituir quem se critica e a tentar fazer melhor. Nunca tinha pensado nisso e de tão simples, considero-o ser profundamente verdadeiro.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Aqueles momentos


Toda a vida ouvi dizer que depois da tempestade vem a bonança ou ditos com sentidos semelhantes. No entanto, sobretudo quando vivemos no meio da tempestade, qualquer conversa deste cariz, acaba mesmo por nos entrar pelos ouvidos a cinco quilómetros por hora e por sair a duzentos.
Quando a braços com sentimentos que nos consomem os pensamentos, quase tudo o resto, com muita razão que os nossos interlocutores tenham, é relativizado e parece fazer parte de outro planeta.
Agora, verdade seja dita, se formos privilegiados e estivermos atentos, há aqueles momentos em que o tempo pára, o horizonte parece infinito... e simplesmente temos a certeza que naquele dia e àquela hora era ali que devíamos estar.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Arrumar gavetas

Este fim-de-semana andei a arrumar a casa, no modo literal, mas também no metafórico.
Sai de lá ainda mais cansada do que quando entrei, mas muito mais leve.
Há aquelas gavetas que arrumamos bem e em que provavelmente não voltamos a mexer. Há outras, porém, que temos tendência a deixar ao abandono por tempo indefinido, às vezes só porque não nos apetece olhar para elas.
Ainda não está tudo no ponto, mas ao descer aqueles degraus pela última vez, este Domingo, sai com a sensação de que o armário se começa a compor e que muito do que não fazia sentido, agora até está num bom alinhamento.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Outra vida


Estou sem carro por uma semana e com essa novidade, não só estou na cidade em que estudei, como me sinto regressada aos tempos de estudante universitária com tudo a que tenho direito. Ele é viagens de autocarro, ele é mochila às costas...
Perguntaram-me se andava a viver muitos momentos de dejá vu, mas a verdade é que nem por isso.
Acabei por compreender que os locais são sobretudo feitos pelas pessoas que lá estão.
As ruas são as mesmas, os locais também, mas não está cá ninguém da outra vida...

Almas gémeas

A ideia de almas gémeas na verdade origina de Platão.
A sua teoria era a de que os humanos tinham originalmente quatro braços, quatro pernas e dois rostos.
Zeus sentiu-se ameaçado pelo poder deles e separou-os a todos ao meio, condenando-nos a todos a passar as nossas vidas tentando completarmo-nos.

Bones (Ossos - Temporada 5, Episódio 15)

sábado, 1 de maio de 2010

Hoje

Só hoje senti

que o rumo a seguir

levava pra longe

senti que este chão

já não tinha espaço

pra tudo o que foge

não sei o motivo pra ir

só sei que não posso ficar

não sei o que vem a seguir

mas quero procurar

e hoje deixei

de tentar erguer

os planos de sempre

aqueles que são

pra outro amanhã

que há-de ser diferente

não quero levar o que dei

talvez nem sequer o que é meu

é que hoje parece bastar

um pouco de céu

(...)